POSIÇÃO SEGURA PARA DORMIR, O QUE O PROFESSOR PRECISA SABER?
1. Mas o que é a Morte Súbita no bebê?
2. Fatores de Risco para Morte Súbita:
3. Posição segura para o bebê dormir:
Quando o assunto é a posição segura para dormir, as certezas se transformam em dúvidas, entre mães, professores e cuidadores de crianças.
Tudo porque durante décadas, pela crença popular, acreditou-se que a melhor posição para o bebê dormir era de decúbito lateral, ou seja, de lado.
Porém não podemos falar somente da posição correta do bebê para dormir, sem mencionar a Síndrome da Morte Súbita no Lactente, a morte súbita e a posição ideal do bebê para dormir estão diretamente relacionadas.
A morte súbita em bebês é a maior causa de óbitos em crianças de 1 a 12 meses, em países desenvolvidos, e com grande incidência em países em desenvolvimento.
Alguns pesquisadores afirmam que a faixa etária de maior risco são as crianças de dois a cinco meses de vida.
1. Mas o que é a Morte Súbita no bebê?
A definição de Síndrome da Morte Súbita do Lactente (SMSL) é a morte súbita e inesperada, durante o sono, de criança com menos de 1 ano de idade.
Os bebês são encontrados sem vida no local onde dormiam (berço, cama dos pais, carrinhos), sem uma causa especifica.
A origem da SMSL não é totalmente conhecida, isso porque durante a investigação do óbito, a história clínica do bebê, a necropsia e o exame no local do óbito não demonstram nenhuma causa específica.
Através de muitos estudos científicos realizados nessa área, a hipótese mais aceita atualmente, refere-se à imaturidade dos mecanismos que fazem o bebê despertar, associado a diminuição de oxigênio inalado com outros fatores de risco.
2. Fatores de Risco para Morte Súbita:
- Mães que não fizeram o pré- natal adequado (no pré-natal podem ser diagnosticadas doenças prévias, e outras anormalidades no bebê, além das orientações necessárias para a mãe não fumar, não beber e não usar drogas);
- Mães que fumam, ou o uso de tabaco no mesmo ambiente em que a criança dorme;
- Prematuridade;
- Superaquecimento do bebê (quartos muito quentes ou crianças muito agasalhadas na hora de dormir);
- Uso de objetos no berço (podem facilitar a asfixia);
- Uso de travesseiros (a criança pode escorregar no travesseiro o que fará com que o pescoço fique mal posicionado dificultando a passagem do ar em bebês menores);
- Dormir na posição de bruços ou de lado (essas posições representam maior incidência da SMSL);
- Excesso de cobertores (além do superaquecimento, a criança pode “escorregar” e ficar totalmente coberta, o que reduz o oxigênio inalado)
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3. Posição segura para o bebê dormir:
Após muitas discussões e pesquisas, acredita-se que ao fornecer um ambiente adequado para a criança dormir e eliminando os fatores de risco, mesmo para as crianças com maior predisposição a Síndrome da Morte Súbita, consegue-se reduzir a mortalidade.
Nos países que adotaram a campanha foi observada uma redução importante dos casos de SMSL.
Segundo uma publicação realizada no Jornal de Pediatria (2014), a recomendação para os lactentes normais ou para os portadores da “doença do refluxo gastroesofágico” a posição supina para dormir (de barriga para cima) é a mais adequada, pois o risco de morte súbita é mais importante do que o benefício ocasionado pela posição anti-refluxo (posição prona-barriga para baixo).
Conforme explica o Dr Cesar Victora, doutor em epidemiologia pela London School of Hygiene and Tropical Medicine, pesquisador da UFPel e coordenador do Comitê de Mortalidade Infantil da cidade de PelotasRS,
“A informação de que ao dormir de barriga para cima o bebê vai aspirar o vômito e se afogar não passa de uma crença popular incorreta. Ao deitar de lado ou com a barriga para baixo o bebê respira um ar viciado, ou seja, o ar que ele próprio expira e os riscos de dormir de barriga para baixo são semelhantes a dormir de lado, já que essa posição é instável e muitos bebês rolam e ficam de barriga para baixo. Se uma criança está deitada de barriga para cima e se afoga, sua tendência, por instinto, é tossir e com isso chamar a atenção dos pais. No caso da morte súbita, essa reação não acontece e a morte se dá de forma “silenciosa”. Cesar Victora é enfático em responder a quem usa o argumento de que a criança, dormindo de barriga para cima, pode vomitar e se afogar com o vômito: “é melhor engasgar do que morrer”.
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4. Medidas para a prevenção da Morte Súbita
- Colocar o bebê para dormir de barriga para cima
- Manter o quarto arejado
- Não colocar protetores e outros objetos no berço da criança
- Não utilizar travesseiros e cobertores em excesso
- Colchão firme (nem duro nem mole demais)
- Utilizar uma fina camada de coberta ou um lençol que deverá ser posicionado abaixo de suas axilas (para que ele não escorregue para baixo da coberta)
- Não colocar excesso de cobertores na criança (evitar o superaquecimento)
- Não submeter a criança ao contato da fumaça do cigarro
- Não fumar no ambiente em que a criança dorme
- Se possível não levar o bebê para dormir na cama com os pais
- Posicionar o bebê de barriga para cima, é a posição mais indicada para bebês de até um ano de idade segunda a Academia Americana de Pediatria e o Ministério da Saúde brasileiro
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Veridiana Ferreira Torres
Enfermeira Especialista em Cardiologia pela Unifesp e Pós-Graduada em Docência do Ensino Superior
Letícia Spina Tapia
Enfermeira e Fisioterapeuta, Mestre no Ensino em Ciências da Saúde, Responsável Nacional pelo Programa Escola Segura
Publicado em: 12/03/2016
Revisado em: 17/04/2017
Referências:
- FERREIRA, TC; et ai. Doença do refluxo gastroesofágico: exageros, a evidência ea prática clínica. J Pediatr. 2014, 90 (2): 105-118.
- CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE – CNS. Dormir de barriga para cima é mais seguro. Pastoral da Criança, 2009.
- LUA, RY; . FU, Síndrome LY da Morte Súbita Infantil Pediatria na revisão de 2007, 28 (6): 209-214.
- NUNES, M.L. Síndrome da Morte Súbita do Lactente: Aspectos Epidemiológicos, Fisiopatologia e Prevenção. Sociedade Brasileira de Pediatria, Documento científico do Departamento de Neurologia, 2003.
- Carpenter, R. et ai. Bed partilha quando os pais não fumam: existe um risco de SIDS? Uma análise individual nível de cinco grandes estudos de caso-controle. BMJ Abrir de 2013
Informações muito importantes. Obrigada!