O que o professor precisa saber sobre refluxo

 

1. Tipos de refluxo gastroesofágico na criança

2. Os principais sintomas do refluxo são

3. Alguns sintomas respiratórios podem estar associados ao refluxo como:

4. Diagnóstico e tratamento do refluxo:

5. Confira abaixo algumas medidas que poderão reduzir o refluxo e prevenir complicações:

6. Medidas de prevenção relacionadas ao aleitamento:

7. Medidas gerais para alimentação de crianças:

8. Segurança do Cadeirão de alimentação:

 

Quando o assunto é o refluxo nas crianças, não são poucas as dúvidas e preocupações que surgem tanto pelos familiares quanto pelos profissionais que atuam na educação, afinal o problema além de chato pode ser sério. Então vamos entender melhor essa situação.

O refluxo gastroesofágico (RGE) é uma condição onde ocorre o retorno do conteúdo gástrico para o esôfago (órgão que liga a garganta ao estômago).

 

ANATOMIA GASTROINTESTINAL - REFLUXO

Fonte: commons wikimedia

 

A doença do refluxo gastresofágico (DRGE) é habitualmente definida como a presença de sintomatologia ou complicações do RGE, e não está restrita a regurgitações ou vômitos, frequentemente acompanha outros sintomas.

O refluxo pode afetar adultos e crianças e estima-se que a doença acometa aproximadamente 12% da população brasileira.

Vale ressaltar que todas as pessoas, incluindo crianças e adultos apresentam um pouco de refluxo em algum momento do dia (principalmente após as refeições), isso ocorre em períodos curtos considerados normais.

O refluxo pode se apresentar de duas maneiras, o refluxo gastroesofágico do adulto, e o refluxo gastroesofágico da criança. Habitualmente na criança os sintomas do refluxo aparecem nos primeiros meses de vida e melhoram até 12 a 24 meses, na maioria dos casos, já no adulto aparece mais tardiamente, tem sintomas persistentes e quase sempre necessita de tratamento, caracterizando a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE).

1. Tipos de refluxo gastroesofágico na criança

 

O refluxo na criança pode ocorrer de três maneiras diferentes, divide-se em:

1. Refluxo fisiológico

2. Refluxo patológico

3. Refluxo oculto

 

O refluxo fisiológico ocorre devido a imaturidade dos mecanismos de barreira antirrefluxo, como por exemplo, podemos citar a válvula que fica entre o estômago e o esôfago, que impede o retorno dos alimentos.

Este refluxo é caracterizado pela regurgitação que ocorre após a alimentação do bebê, podendo acontecer com alimentos líquidos ou sólidos. Surge nos primeiros meses de vida e pode chegar até os dois anos de idade, na maioria dos casos, a frequência da regurgitação diminui após os seis meses, coincidindo com a introdução de alimentos mais sólidos e a posição mais ereta da criança.

No refluxo patológico não ocorre a melhora da regurgitação e do vômito após os seis meses de vida, podendo aparecer outros sinais e sintomas como: choro excessivo, irritabilidade, distúrbio do sono, agitação, dor abdominal e recusa da alimentação.

E por último, temos o refluxo oculto, neste caso existe também o retorno do conteúdo gástrico, porém ele não é exteriorizado pela boca, segue por “outros caminhos”, como por exemplo, para as vias respiratórias, neste caso além do bebê ter a clássica queimação, ele também poderá apresentar outros sintomas, como: otites, sinusites e pneumonias de repetição.

O diagnóstico pode ser feito através da endoscopia ou da Esôfago Estômago Duodenograma, porém como são dois exames muito invasivos, o diagnóstico médico é realizado através do relato dos pais e do exame físico feito no bebê.

Podemos salientar que, quanto menor é a idade da criança, os sintomas podem se tornar mais inespecíficos, por esse motivo a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda aos pais que procurem a orientação do pediatra, se observarem que a criança se torna mais irritada, chorosa, ganhe pouco peso ou perca peso.

 

 


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2. Os principais sintomas do refluxo são:

 

  • Vômitos e regurgitações
  • Anemia
  • Falta de apetite
  • Dificuldade de ganho de peso ou perda de peso
  • Irritabilidade
  • Enjoo
  • Aftas, soluço e halitose

 

3. Alguns sintomas respiratórios podem estar associados ao refluxo como:

 

  • Chiado
  • Ronquidão
  • Asma
  • Tosse crônica
  • Engasgos
  • Pigarro
  • Otites, sinusites e faringites

 

Esses sintomas podem atrapalhar a alimentação e sono dos bebês, o que favorece a irritabilidade e choro.

4. Diagnóstico e tratamento do refluxo:

 

Após uma investigação médica criteriosa, correlacionando sintomas, exame clínico, exames de diagnóstico (se houver), idade e probabilidade de se evitar consequências negativas para a criança, o tratamento será direcionado pelo médico pediatra, podendo ser medicamentoso ou não.

Orientações para mudanças no estilo de vida e readequação da dieta, também fazem parte do tratamento, Essas mudanças no estilo de vida dos pais/cuidadores e das crianças, poderão auxiliar na prevenção das complicações do refluxo, isso vale tanto para as crianças que apresentam o refluxo gastroesofágico fisiológico quanto aquelas que apresentam a doença do refluxo.

 

5. Confira abaixo algumas medidas que poderão reduzir o refluxo e prevenir complicações:

6. Medidas de prevenção relacionadas ao aleitamento:

 

  • Até os 6 meses de vida o único alimento indicado para bebês é o leite materno;
  • Não ficar balançando o bebê no colo após as mamadas;
  • Aguardar alguns minutos para o bebê arrotar, isso poderá levar algum tempo, o arroto vai depender da quantidade de ar que o bebê engoliu durante a mamada;
  • O bebê deverá estar na posição semi-elevado para a mamada e elas deverão ser fracionadas;
  • Não vestir roupas apertadas no bebê principalmente durante as mamadas;
  • Observar se a fralda está apertando a barriga do bebê;
  • Se ocorrer o vômito aguardar pelo menos 30 minutos para oferecer novamente o leite ou o alimento;
  • Sobre o intervalo entre a mamada e a colocação do bebê para dormir, seguir a orientação do pediatra que poderá variar de 20 a 40 minutos (dependerá do tipo e gravidade do refluxo), neste período mantê-lo na posição ereta para que o leite se acomode no estômago e facilite a digestão;

 

 


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7. Medidas gerais para alimentação de crianças:

 

  • As mamadeiras deverão ser oferecidas quando a criança estiver na posição semi-elevada.
  • Seguir sempre a orientação do pediatra e nutricionista a respeito de espessantes (produtos que engrossam o leite e outros líquidos), esses produtos não são recomendados para bebês prematuros nem para crianças com sobrepeso, além de demonstrarem poucos benefícios para crianças em aleitamento materno.
  • Readequação da dieta conforme a idade da criança, sempre seguindo as orientações do pediatra e nutricionista: alguns alimentos não são indicados como: café, chá, chocolate e alimentos gordurosos e algumas fórmulas infantis poderão ser substituídas.
  • Evitar a exposição da criança ao tabaco (o tabaco interfere nos mecanismos naturais antirrefluxo).
  • A forma mais segura de alimentar crianças é na posição semi-elevada, isso favorece a redução do refluxo e minimiza o risco de engasgo. Para crianças que já sentam sem apoio e possuem equilíbrio suficiente para não tombar as refeições podem ser oferecidas em cadeirão de alimentação.

 

 

8. Segurança do Cadeirão de alimentação:

 

  • A crianças deverá utilizar o cadeirão para alimentação quando já estiver sentando sem apoio. A partir do quinto e sexto mês, a criança começa progressivamente a sentar sem apoio, por conta do seu desenvolvimento nas condições de equilíbrio do tronco;
  • A etapa de desenvolvimento motor onde já senta sem apoio é classificada entre o 7º. e 10º. Mês de vida;
  • Verifique na embalagem da cadeira a faixa etária a que se destina;
  • Verifique se não há rebarbas ou partes cortantes visíveis;
  • As cadeiras altas não devem conter rodas e deverá possuir uma base ampla e estável;
  • Recomenda-se que a criança sempre esteja presa pelo cinto de segurança (de 5 pontos);
  • Segundo a norma ABNT 15991-1:2011, as cadeiras altas são destinadas para crianças de até 15 kg;
  • O cadeirão não poderá conter partes pequenas que possam ser engolidas pelas crianças nem material tóxico na composição de suas partes;
  • Os dispositivos para ajuste devem ser inoperantes pelas crianças quando estiver sentada;
  • Para evitar deslizamento da criança por baixo da bandeja, o cadeirão deverá conter uma faixa larga localizada entre as pernas;
  • A bandeja deverá ser presa ao encosto para que não forme espaços ou vãos;
  • É recomendado apoio para os pés;
  • Não permitir que a criança fique de pé no cadeirão;
  • Não deixar a criança sozinha ou dar-lhe as costas, mesmo que por alguns instantes, enquanto ela estiver no cadeirão;
  • Não permitir que crianças maiores brinquem ou tentem subir no cadeirão;
  • Ajudar a criança a entrar, sentar-se e sair do cadeirão;
  • Afivelar o cinto assim que sentar a criança;
  • Se o modelo for dobrável, recomenda-se testá-lo antes para verificar se está firme;
  • Colocar o cadeirão de costas para a parede preferencialmente para que se movimente o mínimo possível;
  • Não posicionar o cadeirão próximo a eletrodomésticos, bancadas, pias, mesas, as crianças poderão se apoiar e empurrar essas superfícies com os pés ou mãos e virar o cadeirão;

 

 


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POSICAO SEGURA-DORMIR-CRECHE-ESCOLA-SEGURA

 

9. Posição segura para dormir:

 

Outra questão importante é a posição da criança na hora de dormir, através de estudos científicos ficou comprovada que a posição prona (barriga para baixo) é a melhor posição para dormir para as pessoas com a DRGE, porém essa posição não é recomendada para crianças menores de 1 ano pelo risco de morte súbita do bebê.

A Academia Americana de Pediatria e o Ministério da Saúde Brasileiro recomenda o seguinte posicionamento da criança até um ano para dormir, tanto para bebês sem refluxo como para portadores da DRGE:

  • Posicionar o lençol/coberta abaixo das axilas do bebê (para que ele não escorregue para baixo da coberta), não exagerar na quantidade de coberta;
  • Não colocar rolinhos, brinquedos ou protetores no berço;
  • Para bebês com refluxo é comum os pediatras recomendarem a elevação da cabeceira, embora alguns estudos controlados não tenham demonstrado que essa posição é benéfica para menores de um ano;
  • Utilizar um colchão firme (nem duro nem mole demais);
  • Já para adolescentes e adultos com diagnóstico de “doença do refluxo gastroesofágico”, a posição recomendada é dormir de lado (esquerdo) com a cabeceira elevada;

 

POSICAO SEGURA PARA DORMIR2

 

 


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Letícia Spina Tapia

Enfermeira e Fisioterapeuta, Mestre no Ensino em Ciências da Saúde, Responsável Nacional pelo Programa Escola Segura  

 

 

Publicado em:02/03/2015

Revisado em:17/04/2017

 

 

Referências: