CAXUMBA NA ESCOLA, O QUE É IMPORTANTE SABER? 

1. O que é caxumba?

2. Sinais e sintomas da caxumba

3. Complicações da caxumba

4. Diagnóstico da caxumba

5. Como ocorre a transmissão da caxumba?

6. Tratamento da caxumba

7. Prevenção da caxumba

8. Contraindicações da vacinação para caxumba

9. Prevenção da caxumba e a unidade escolar

10. Recomendações para prevenção de doenças na unidade escolar  

 

1. O que é caxumba?

 

Caxumba ou parotidite infecciosa (inflamação das glândulas parótidas, glândulas da salivação próximas ao ouvido), também conhecida popularmente como “papeira” é uma doença viral aguda, de evolução benigna causada pelo vírus da família Paramyxoviridae, parente do vírus do sarampo. O período de incubação varia de 12 a 25 dias após a exposição, com média de 16-18 dias. A maioria dos resultados positivos e as mais altas cargas virais ocorrem mais próximas do início da doença e diminuem rapidamente depois disso. A caxumba costuma apresentar-se sob a forma de surtos, que segundo a Covisa (Coordenação de Vigilância em Saúde) é considerado como a ocorrência de dois ou mais casos em uma mesma instituição e que acometem preferencialmente as crianças nas populações não vacinadas. Estima-se que, na ausência de imunização, 85% das pessoas já terão tido a doença quando chegam à idade adulta, sendo que 1/3 dos infectados não apresentarão sintomas. A doença é mais severa em adultos. De acordo com a tabela abaixo, podemos observar o crescente número de surtos e casos identificados no estado de São Paulo entre os anos de 2014 a 2016:  

 

TABELA CAXUMBA

 

 

2. Sinais e sintomas da caxumba

 

Dentre as pessoas que podem ter caxumba, algumas podem apresentar sinais e sintomas muito brandos da doença. Quando estes se desenvolvem geralmente apresentam-se como:

  • Aumento das glândulas salivares, geralmente as parótidas, mas também podem ser acometidas as glândulas sublinguais e submandibulares.
  • Febre de 3 a 5 dias.
  • Náusea e vômitos ocasionais.
  • Calafrios.
  • Dor à mastigação e deglutição, principalmente na ingestão de líquidos ácidos.
  • Dores musculares.
  • Dor de cabeça.
  • Fadiga e fraqueza.
  • Perda de apetite.

 

3. Complicações da caxumba

 

  • Orquite (inflamação dos testículos).
  • Ooforite (inflamação dos ovários).
  • Tireoidite (inflamação da glândula teireóide).
  • Artrite (inflamação das articulações).
  • Glomerulonefrite (acometimento renal).
  • Miocardite (inflamação do músculo cardíaco).
  • Ataxia cerebelar (falta de coordenação motora e falta de equilíbrio).
  • Encefalite (inchaço e inflamação do cérebro).
  • Pancreatite (inflamação do pâncreas).
  • Surdez temporária ou permanente.

 

As complicações associadas à caxumba podem ocorrer na ausência da inflamação das glândulas salivares, possivelmente retardando o diagnóstico da doença. Nem todos os casos de inflamação destas glândulas, especialmente aqueles esporádicos e isolados, são devido à infecção pelo vírus da caxumba.  

 


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4. Diagnóstico da caxumba

 

 O diagnóstico geralmente é feito através do quadro clínico do paciente, e quando necessário a confirmação, realiza-se os testes laboratoriais através da cultura do vírus, análise microbiológica, testes sorológicos e hemograma.

 

5. Como ocorre a transmissão da caxumba?

 

Altamente contagiosa, a caxumba é transmitida por contato direto com gotículas de saliva ou objetos de pessoas infectadas. A transmissão ocorre pela via respiratória de uma pessoa a outra, através da tosse, espirros e contato com materiais que tenham sido expostos às secreções corpóreas contaminadas. Costumam ocorrer surtos da doença no inverno e na primavera e as crianças são as mais atingidas. Orienta-se manter a criança distante da creche e da escola durante nove dias após o início do inchaço das glândulas.

O risco de propagação do vírus aumenta com o tempo e quanto mais próximo o contato uma pessoa tem com alguém que tenha a doença. As pessoas assintomáticas (que não apresentam sinais e sintomas da doença) também podem transmitir a infecção.  

 


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6. Tratamento da caxumba

 

O tratamento da caxumba é sintomático, isto é, não existe um tratamento específico, somente o repouso, analgesia e observação das seguintes complicações:

  • Febre de 39º ou maior
  • Problemas para comer ou beber
  • Confusão ou desorientação
  • Dor abdominal
  • Dor e inchaço dos testículos

 

  Se a criança desenvolver uma dessas complicações, procurar um médico urgentemente.  

 

INFOGRAFICO CAXUMBA    

 

7. Prevenção da caxumba

 

A melhor prevenção é a vacinação, esta tem o objetivo de reduzir as taxas de incidência da doença. Conheça o esquema de vacinação preconizado pelo Ministério da Saúde: O esquema básico da vacina é de duas doses nas seguintes situações: A primeira dose (aos 12 meses de idade) deve ser com a vacina tríplice viral e a segunda dose (aos 15 meses de idade) deve ser com a vacina tetra viral, para as crianças que já tenham recebido a 1ª dose da vacina tríplice viral.  

Para as crianças acima de 15 meses de idade não vacinadas, deverá ser administrada a vacina tríplice viral observando o intervalo mínimo de 30 dias entre as doses. Considerar vacinada a pessoa que comprovar duas doses de vacina com componente de sarampo, caxumba e rubéola.  

Para indivíduos de 20 a 49 anos de idade: administrar uma dose conforme a situação vacinal encontrada. Considerar vacinada a pessoa que comprovar uma dose de vacina com componente de sarampo, caxumba e rubéola ou sarampo e rubéola.

Obs: Em situação de bloqueio vacinal (vacinação daqueles que tiveram contato direto com pessoas infectadas com caxumba) em crianças menores de 12 meses, administrar uma dose entre 6 meses e 11 meses de idade e manter o esquema vacinal.

  • Mulheres em idade fértil devem evitar a gravidez até um mês após a vacinação.
  • Não administrar a vacina simultaneamente com a vacina para febre amarela (atenuada), estabelecendo o intervalo mínimo de 30 dias, salvo em situações especiais que impossibilitem manter o intervalo indicado.
  • A aplicação se faz pela via subcutânea e o volume da vacina a ser administrado é de 0,5 mL.
  • Os efeitos colaterais são raros, porém podem ocorrer, após cinco a dez dias da aplicação.  São eles: aumento discreto das parótidas, tumefação e febre, que regridem espontaneamente.

 

Obs: Ao retornar para a escola, os pais devem apresentar um documento redigido pelo médico confirmando que a criança está apta a frequentar o ambiente coletivo. 

 

8. Contraindicações da vacinação para caxumba

 

  • Reação alérgica a primeira dose da vacina.
  • Usuários com imunodeficiência clínica ou laboratorial grave.
  • Gestação (a gestante não deve ser vacinada, para evitar a associação entre a vacinação e possíveis complicações da gestação, incluindo aborto espontâneo ou malformação congênita no recém-nascido por outras causas não associadas à vacina).
  • Caso a gestante seja inadvertidamente vacinada, não está indicada a interrupção da gravidez. A gestante deve ser acompanhada durante o pré-natal e, após o parto, acompanha-se a criança conforme as normas técnicas do PNI (Programa Nacional de Imunização).

 

O Ministério da Saúde informa que a vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, rubéola e caxumba, é altamente eficaz.

Estudos clínicos detectaram anticorpos contra caxumba em 96,1% das pessoas vacinadas; em 98% contra sarampo; e em 99,3% contra rubéola.

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9. Prevenção da caxumba e a unidade escolar

 

As crianças que frequentam creches e escolas têm risco aumentado de adquirir infecções, devido aos hábitos que facilitam a transmissão de doenças como levar as mãos e objetos à boca, contato interpessoal muito próximo, uso de fraldas, imaturidade do sistema imunológico e vacinação incompleta.

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), na admissão de uma criança na instituição, seu cartão de vacinas deve ser apresentado, conferido e uma cópia arquivada na pasta individual do aluno. O cartão deve ser conferido a cada seis meses. Caso a criança tenha restrição ao uso de alguma vacina, a família deve apresentar justificativa por escrito.

Caso as vacinas não estejam atualizadas, a família deve ser orientada a levar a criança ao Centro de Saúde para que as vacinas preconizadas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) sejam aplicadas de acordo com a idade, evitando a contaminação das crianças e disseminação de doenças contagiosas. As equipes de saúde e os educadores das instituições escolares precisam se organizar para acompanhar a cobertura vacinal das crianças de sua região.

É essencial uma integração da instituição educacional com a unidade básica de saúde da região, auxiliando e reforçando o trabalho desenvolvido pelos educadores.

 

10. Recomendações para prevenção de doenças na unidade escolar

 

Diante da ocorrência de mais de um caso de uma doença transmissível na instituição, no mesmo período, o responsável pelo estabelecimento deve comunicar a Unidade Básica de Saúde referência da região bem como os pais para que se atentem aos sinais e sintomas da doença.

Algumas medidas simples podem ser instituídas nas unidades escolares para que seja evitada a transmissão da doença:

 

  • Higienização das mãos é a medida mais econômica e simples na prevenção de doenças, e deve ser realizada com técnica adequada, conheça o passo-a-passo recomendado pela Anvisa.

 

Quando higienizar as mãos na unidade escolar?  

  • Ao chegar ao trabalho;
  • Antes de preparar os alimentos;
  • Antes de alimentar as crianças;
  • Antes das refeições;
  • Antes e após cuidar das crianças (troca de fralda, limpeza nasal, etc.);
  • Após tocar em objetos sujos;
  • Antes e após o uso do banheiro;
  • Após a limpeza de um local;
  • Após remover lixo e outros resíduos;
  • Após tossir, espirrar e/ou assuar o nariz;
  • Ao cuidar de ferimentos;
  • Antes de administrar medicamentos;
  • Após o uso dos espaços coletivos

 

  Ensinar as crianças a higienizar as mãos:

  • Antes das refeições;
  • Após o uso do sanitário;
  • Após brincar com areia, terra, na horta, com tinta ou em outras situações em que as mãos possam estar sujas.

 

Crianças do berçário devem ter suas mãos lavadas por um adulto, o que poderá ocorrer no momento da troca de fraldas (assim elas poderão associar desde muito cedo que é preciso lavar as mãos após fazer xixi o cocô). Outro momento é antes de oferecer os alimentos.    

 

  • Orientar os familiares dos alunos que não devem deixar as crianças doentes na escola, pois como estão em um ambiente coletivo a probabilidade de transmissão da doença será ainda maior.
  • Manter os ambientes arejados, limpos e iluminados.
  • Os talheres, pratos e copos, quando não descartáveis, devem ser utilizados individualmente, não podendo servir a mais de um usuário antes de serem higienizados adequadamente.
  • Higienização dos brinquedos, de acordo com as recomendações da ANVISA. Os brinquedos deverão ser de material de fácil limpeza e desinfecção, deverão ser colocados em local separado após a utilização (local exclusivo para brinquedos sujos).
  • Só poderão retornar para brincadeiras os brinquedos que forem higienizados com água e sabão com escova de uso exclusivo, deixados expostos para secar sob superfície protegida com papel toalha e então acondicionados na caixa de brinquedos limpos.
  • Colchões e travesseiros deverão ter revestimento impermeável que facilite a limpeza e desinfecção com álcool 70% a cada turno, ou após o contato com fluídos corpóreos (retirar excesso com papel toalha, limpeza com água e sabão e desinfecção com álcool 70%).
  • As banheiras deverão ser higienizadas com água e sabão após cada uso, depois de secas deverá ser aplicado álcool 70% com papel toalha.
  • Disponibilizar equipamentos de proteção individual para os colaboradores (sapatos fechados, uniformes ou aventais com material impermeável, luvas, entre outros)
  • Os bebedouros deverão ser lavados diariamente com água e sabão e utilizada solução para desinfecção conforme recomendação do fabricante,
  • É muito importante que familiares e cuidadores de crianças conheçam os sintomas da caxumba, para poder intervir de forma rápida e encaminhar a criança para avaliação médica.
  • Utilizar lenços descartáveis para higienizar o nariz, pois a prática da higiene nasal evita o surgimento de doenças. Aproveitar para ensinar a criança a cuidar de si, disponibilizando lenços de papel quando solicitado por ela, mas supervisione bem estas ações, sem esquecer que, em seguida, é preciso lavar as mãos.
  • Materiais que devem ser exclusivamente de uso individual: sabonete, xampu, remédios, mamadeira, chupetas. Todo o material deve estar marcado com o nome de cada criança. As escovas de dente devem dispor de protetores que impeçam o contato de uma com a outra e devem ser guardadas separadamente.
  • Os adultos em constante contato com crianças devem manter as unhas limpas e curtas.

   

 


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Maira Bassi

Maíra Bassi Strufaldi Balthazar

Enfermeira e Fisioterapeuta. Educadora em Diabetes e Especialista em Educação em Ciências da Saúde.  

 

 

 

Referências: