DENGUE E O USO DE REPELENTES NA ESCOLA – O QUE O PROFESSOR PRECISA SABER?
1. Conheça as principais diferenças entre as três doenças e seus sintomas.
2. Qual é o tratamento para a dengue?
3. A prevenção da dengue é a melhor solução, o que você pode fazer?
4. Como evitar as picadas de mosquitos nas crianças nos ambientes escolar e domiciliar?
5. Repelentes tópicos: o que o professor precisa saber.
6. Conheça a tabela com os principais repelentes e suas características.
7. Vacina contra a dengue, quais as perspectivas?
8. Como trabalhar este tema tão importante na escola?
Nunca se ouviu tanto nos últimos tempos este nome Aedes Aegypti, que ele é um mosquito, creio que quase todo mundo já sabe o seu real perigo, estamos conhecendo literalmente na pele. Devido a epidemia de dengue vivida pelo Brasil nos últimos tempos, muito tem se falado sobre ele, mas o que ninguém esperava é que além da dengue, ele também transmite mais duas doenças, a febre Chikungunya e o Zika vírus.
O mosquito Aedes Aegypti é muito parecido com o famoso pernilongo, porém há algumas diferenças, o Aedes é mais escuro e possui listras brancas pelo corpo e nas pernas. Costuma picar as pessoas durante o dia e a noite, sendo mais comum durante o dia, vive e se reproduz em ambientes com água parada, limpa ou suja. Coloca seus ovos em recipientes com água parada, e logo passa para a condição de larvas e depois viram mosquitos. Os ovos podem sobreviver até dois anos sem contato direto com a água e quando encontram condições favoráveis voltam a se reproduzir. Apenas as fêmeas transmitem as doenças, pois ela pica a pessoa infectada, mantém o vírus na saliva e o retransmite.
Através da sua picada este mosquito transmite três doenças:
1. Dengue (vale lembrar que são quatro sorotipos diferentes)
2. Febre Chikungunya
3. Zika vírus
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1. Conheça as principais diferenças entre as três doenças e seus sintomas:
2. Qual é o Tratamento para dengue?
É muito comum as crianças apresentarem reações alérgicas locais após a picadas de insetos. Especialmente em crianças com a pele hipersensível, a própria picada pode causar muito desconforto, dor, inflamação e até infecção local após a picada, levando a necessidade do uso de medicamentos orais e pomadas locais. A professora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG e infectologista, Marise Fonseca, explica que o tratamento indicado para as três patologias é semelhante (publicado no site da UFMG) “O tratamento nos três casos é de suporte, ou seja, são tratados os sintomas. Então a principal medida é a hidratação e, no caso da chikungunya, os analgésicos”, explica. Como as doenças são muito parecidas, a professora alerta para o risco da medicação sem indicação médica. “No caso da dengue é suspenso o uso de anti-inflamatórios e AAS, medicamentos que aumentam o risco de hemorragia, por isso ao apresentar os sintomas, é importante procurar um médico que fará o diagnóstico corretamente”.
3. A prevenção da dengue é a melhor solução, o que você pode fazer?
A prevenção está diretamente relacionada com medidas para evitar a proliferação do mosquito , a melhor atitude é combater os focos de acúmulo de água, veja alguns dos cuidados que todos podemos tomar:
- Mantenha bem tampados: caixa, tonéis e barris de água;
- Coloque o lixo em sacos plásticos e mantenha a lixeira sempre bem fechada;
- Não jogue lixo em terrenos baldios;
- Se for guardar garrafas de vidro ou plástico, mantenha sempre a boca para baixo;
- Não deixe a água da chuva acumulada sobre a laje;
- Encha os pratinhos ou vasos de planta com areia até a borda;
- Se for guardar pneus velhos em casa, retire toda a água e mantenha-os em locais cobertos, protegidos da chuva;
- Limpe as calhas com frequência, evitando que galhos e folhas possam impedir a passagem da água;
- Lave com frequência, com água e sabão, os recipientes utilizados para guardar água, pelo menos uma vez por semana;
- Os vasos de plantas aquáticas devem ser lavados com água e sabão, toda semana. É importante trocar a água desses vasos com frequência;
O uso de repelentes com determinadas substâncias presentes (não é qualquer repelente que é efetivo contra o Aedes Aegypti), também é uma maneira para as pessoas se protegerem contra o mosquito. O uso de telas em portas e janelas também pode ajudar no combate ao mosquito.
4. Como evitar as picadas de mosquitos nas crianças no ambiente escolar e domiciliar? Proteção mecânica:
- Roupas: As roupas não impedem as picadas, o ideal é utilizar calças e mangas longas que possuam uma trama mais fechada do tecido, os mosquitos possuem preferência pelos tornozelos, por isso é importante a utilização de roupas que cubram essa parte do corpo. Prefira roupas claras, pois as roupas escuras atraem os mosquitos e evite roupas justas que facilitam as picadas.
- Horário: Mosquitos como Aedes atacam mais durante as primeiras horas da manhã e no final da tarde, porém podem picar pela noite se houver claridade suficiente. Nestes períodos é importante manter as janelas fechadas, se possível utilize telas nas janelas e mosqueteiros.
- Dedetização: Realizadas por empresas especializadas reduz a quantidade de mosquitos na casa, mas é importante seguir as orientações sobre o tempo de afastamento do local e sua limpeza após a realização.
- Repelente ultrassônico: Atualmente há muitas propagandas sobre repelentes ultrassônicos e até aplicativos repelentes, mas é preciso cautela! Em uma reportagem do canal BBC o entomologista Bart Knols, que preside o conselho consultivo da Fundação Malária na Holanda, afirma que não há evidência científica. Um comitê de profissionais do departamento de Pediatria da USP também não recomenda o seu uso devido a falta de comprovação de eficácia.
- Repelente elétrico: Com a liberação de inseticidas, diminuem a entrada de dos mosquitos quando posicionados próximo a portas e janelas. Atenção especial ao local de colocação, especialmente dos líquidos, pois as crianças poderão retirá-los das tomadas e ingeri-los acidentalmente.
- Citronela: Em velas pode ser utilizadas apenas quando a criança não estiver no quarto, evitar utilizar pulseiras/colares de citronela, além de pouca eficácia há casos em que as crianças desenvolvem alergia no local.
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5. Repelentes tópicos, o que o professor precisa saber:
Repelentes tópicos podem ser sintéticos ou naturais. Eles atuam formando uma camada de vapor com odor repulsivo aos insetos sobre a pele. Segundo estudos sobre esses produtos, algumas características apontam para o “repelente ideal”, são elas:
1. Repelir muitas espécies simultaneamente
2. Ser eficaz por pelo menos oito horas
3. Ser atóxico
4. Ter pouco cheiro
5. Ser resistente à abrasão e à água
6. Cosmeticamente favorável
7. Economicamente viável
É preciso compreender que um mesmo repelente não terá a mesma ação em pessoas diferentes, pois sua eficácia poderá ser alterada por substâncias exaladas pela própria pele, fragrâncias florais, umidade e um clima quente. Segunda a Organização Mundial de Saúde (OMS) os princípios ativos de repelentes recomendados são:
- Icaridina (KB3023): uso permitido no Brasil em crianças a partir de 2 anos de idade em concentração de 25% cujo período de proteção chega a 8 a 10 horas.
- DEET: Em concentração de até 10% pode ser utilizado em maiores de 2 anos, sendo que não deve ser aplicado mais que 3 vezes ao dia em crianças de 2 a 12 anos.
- IR 3535 30%: permitido pela Anvisa para crianças acima de 6 meses. Seu período de proteção conferido é de 4h.
Faça download gratuito do infográfico com os tipos de repelentes e suas recomendações de acordo com a faixa etária, clique aqui
Existem também repelentes naturais, mas são altamente voláteis e com efeito de curta duração, o que não garante proteção adequada ao Aedes aegypti.
Atenção: Não é recomendada a utilização de repelentes tópicos em crianças menores de 6 meses, para esse período devem ser utilizadas roupas protetoras, mosqueteiros, telas em portas e janelas, manter o ambiente refrigerados, já que os mosquitos gostam de calor e umidade. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, os repelentes devem ser evitados em crianças menores de 2 anos, e em crianças de 6 meses a 2 anos utilizados apenas em situações especiais com acompanhamento e orientação médica.
6. Conheça a tabela com os principais repelentes e suas características:
Fala download gratuito da tabela abaixo aqui e compartilhe na sua escola e com os pais dos alunos.
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7. Vacina contra a dengue, quais as perspectivas?
A vacina contra a dengue já possui registro concedido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde janeiro de 2017. A Dengvaxia® é uma vacina para dengue 1, 2, 3 e 4 (recombinante, atenuada) e foi registrada como produto biológico novo, de acordo com a Resolução – RDC nº 55, de 16 de dezembro de 2010.
O registro permite que a vacina seja utilizada no combate à dengue. Porém, vale destacar que a vacina não protege contra os vírus Chikungunya e Zika. A vacina está aprovada para uso pediátrico e adulto, dos nove aos 45 anos de idade. Os limites de idade foram determinados com base, principalmente, nas informações de segurança da vacina.
Para saber mais sobre a vacina já aprovada acesse o site do Ministério da Saúde aqui Segundo publicação da BBC (janeiro/2017) a vacina contra a dengue, que está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantã, poderá ser usada em larga escala em 2019.
O produto passa agora por testes. Foram instalados centros em 13 cidades de cinco regiões do país visando imunizar voluntários e avaliar a eficácia do produto. Até o momento, já foram aplicadas doses em 4 mil pessoas, das 17 mil que deverão participar dos testes.
8. Como trabalhar esse tema tão importante na escola?
É de fundamental importância o papel da escola no combate ao mosquito transmissor, através da informação ocorre a sensibilização das crianças para o problema, e assim, os pequenos partem como multiplicadores de informações para suas famílias e comunidade em que estão inseridos. Para que ocorra essa sensibilização e compreensão do problema pelas crianças, a escola poderá utilizar vários recursos, como por exemplo, dramatização com teatro de fantoches, confecções de cartilhas com os alunos, explicando sobre o mosquito, as doenças, sintomas e o tratamento. O professor também pode incentivar os alunos a realizarem a busca ativa por focos de acúmulo de água na própria escola. Com a erradicação total do mosquito é praticamente impossível, a educação para todos com objetivo de evitar a proliferação, ainda é a melhor arma contra o Aedes aegypi. Abaixo, dois artigos que apresentam iniciativas de professores nas Escolas para prevenção da Dengue, você poderá fazer download gratuito: ,
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Veridiana Ferreira Torres
Enfermeira Especialista em Cardiologia pela Unifesp e Pós-Graduada em Docência do Ensino Superior
Letícia Spina Tapia
Enfermeira e Fisioterapeuta, Mestre no Ensino em Ciências da Saúde, Responsável Nacional pelo Programa Escola Segura
- SGROI, J. L.; et al. Uso de Repelentes para crianças entre 6 meses a 2 anos. Equipe de Saúde da Criança do Centro de SaúdeEscola “Prof. Samuel B. Pessoa”. Departamento de Pediatria da FMUSP, 2014.
- SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Uso de Repelente de insetos em crianças. SBP, 2015.
- BBC. El repelente que no espanta mosquitos pero vende. BBC Mundo, 2012.
- SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA. Sociedade Brasileira de Dermatologia alerta sobre o uso de repelentes em crianças. SBD, 2015.
- STEFANI, G. P.; et al. Repelentes de insetos: recomendações para uso em crianças. Rev Paul Pediatr 2009;27(1):81-9.
- SECRETÁRIA DA SAÚDE DO PARANÁ. Mitos e Verdades sobre Dengue. Governo do Estado do Paraná, 2015.
- ALVES, A. F. D. O controle da dengue a partir da escola. XXI Simpósio de Estudos e Pesquisas da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás, 2013.
- SANTOS, M. K. N.; CARDOZO, S. V. Estratégias educativas direcionadas à prevenção e controle da dengue em escolas públicas localizadas no município de Belford Roxo, RJ. Instituição de Ensino Superior: Ciências Biológicas / UNIGRANRIO, 2012.